Arquivo do autor:Rodrigo N S Panceri

Fila preferencial: minha primeira vez.

Hoje pela manhã fui buscar meu cartão de usuário do sistema de transporte público de Porto Alegre na loja da ATP (Associação dos Transportadores de Passageiros – POA), no Centro da cidade.

Eu já tinha ido na semana passada, por volta de 14h, mas a fila estava gigante e eu não tinha tempo disponível. No balcão de atendimento me informaram que o melhor horário era entre 9 e 11h da manhã. Cheguei lá às 9:30h. Fila estupidamente longa, resolvi encarar, até que me dei conta de um guichê preferencial com uma placa dizendo:

Preferencial para gestantes, idosos e portadores de necessidades especiais.

Chamei um segurança/fiscal e perguntei a ele o que significava “portador de necessidade especial” escrito na placa. Ele me respondeu prontamente, sem pestanejar:

“São os portadores de quaisquer tipo de deficiência, seja física, visual, auditiva ou mental.”

Nunca, em toda minha vida de deficiente auditivo (ou surdo oralizado, chame como quiser), eu usei guichês especiais. Acho que, por força de vontade, persistência, nunca me considerei deficiente. Fiquei pensando por alguns minutos e refletindo sobre isso… Logo cheguei a uma breve conclusão:

Eu não pedi pra ter essa deficiência; ninguém me consultou e perguntou se eu queria perder a audição. Não tenho culpa nenhuma por adquirir esta deficiência. Por outro lado, eu trabalho, estudo, pago minhas contas e dou bastante dinheiro para o governo, sob forma de impostos. Por esta razão, vou usufruir de um direito meu, garantido por lei.

O breve diálogo prosseguiu:

Eu: “Sou deficiente auditivo e uso aparelho. Eu me encaixo no conceito?”

Ele: “Naturalmente, senhor.”

E entrei na fila preferencial.


Test-drive: Atendimento por SMS da Vivo

Hoje resolvi testar o atendimento por SMS da Vivo. A Paula Pfeifer reclamou que ontem o serviço estava inoperante. Dei a ela a sugestão de utilizarmos o serviço simultaneamente, pedindo as mesmas informações.

O atendimento por SMS em questão é este aqui (clique para ser redirecionado para o blog da Vivo). Recentemente, a mesma Paula respondeu uma mini entrevista para o blog, falando sobre o panelaço que fizemos – e idealizado pelo Raul Sinedino – no Twitter a respeito de acessibilidade para #SurdosOralizados. O barulho surtiu efeito.

Vamos ao que interessa. Tirei diversos screenshots da tela do meu celular, para comprovar as etapas do atendimento, conforme segue:

20111005105850Screenshot 1

10:52h – Inicio o uso do serviço sem qualquer cerimônia, já fazendo a pergunta para a minha dúvida.

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Screenshot 2

10:53h – 1 minuto depois, recebo a mensagem de atendimento padrão brasileiro: “Queira estar aguardando. Logo vamos estar lhe atendendo”.

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Screenshot 3

10:59h – A atendente Eliana (dãã) me atende e pede que eu aguarde enquanto ela verifica minha solicitação. Rapidamente recebo a resposta. Legal!

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Screenshot 4

11:10h – Aqui, a primeira falha do serviço: faço um novo questionamento e aguardo. Entra a atendente Débora começando o atendimento do zero. Ok, nada que me faça perder a paciência. Acontece nas melhores famílias, mas…. né?

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Screenshot 5

11:27h – Ok, vamos de novo. Só copiar e colar as mesmas frases que eu escrevi anteriormente.

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Screenshot 6

11:33 – Apesar de começar o atendimento de novo, noto que o mesmo flui mais rapidamente com a Deby.

Aqui, pergunto se a Vivo tem um plano de torpedos semelhante ao da Oi, que possui um pacote promocional excelente de 1000 torpedos por apenas 29,90.

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Screenshot 7

11:35h – A Débora informa que não tem nenhum pacote parecido na Vivo. Pena…

PAUSA: Neste momento, a Paula me diz, via Google Talk, que a atendente dela disse que tem o pacote de 1000 torpedos, pelo mesmo valor do pacote da Oi, com apenas algumas ressalvas, que não vêm ao caso agora.

E agora, Vivo? Tem ou não tem?

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Screenshot 8

11:39h – Por via das dúvidas, pedi o protocolo de atendimento. Fui informado que receberia por SMS. E sim, foi o que aconteceu. Recebi o protocolo, conforme prometido.

ATENÇÃO! Peçam SEMPRE o protocolo, pois ele poderá ser útil no futuro.

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Screenshot 9

11:40 – Como podem perceber, conforme solicitado pela atendente, dei uma 8 para o atendimento e o serviço foi encerrado com satisfação.

Conclusão

Não fosse o atendimento ter começado do zero e a informação desencontrada sobre existir ou não o pacote de 1000 torpedos, eu teria dado um 10 tranquilamente. Fiquei sem saber se existe mesmo o tal pacote, ou não. Vou ter de tentar novamente qualquer hora.

Foram 38 minutos de atendimento.“Baaaahhhh, tudo isso?!”, pensa quem adora achar defeito em tudo. HELLOOOOOOO! Não se trata de um atendimento de urgência, POHA! O mais importante é que EXISTE um atendimento no formato que os surdos oralizados idealizam! E a Vivo está mostrando isso na PRÁTICA.

TDD e 0800 para surdos são tecnologias – se é que dá pra chamar essas porcarias de tecnologia – do período Paleolítico, lá do tempo quando o Mar Morto nem tinha nascido ainda…

Parabéns, Vivo!


Cadê o freio?!

Post-relâmpago:

Cadê o freio do calendário??? Estamos em Outubro já…. Tá pior que o bonde (de Santa Teresa, Santa Marta, Santa Gertrudes… não me lembro agora…) sem freio lá do Rio de Janeiro.

 


Filmes nacionais: porque eu não gosto deles?

Cansei de responder a amigos, parentes, vizinhos, colegas de trabalho, cachorros, papagaios e coelhinhos:

Não gosto de filmes nacionais porque eles não têm legendas!

Simples assim.

Não vou ao cinema assistir aos maravilhosos, fantásticos, incríveis e premiados filmes brasileiros (segundo pessoas ouvintes, ÓBEVEO) pelo simples fatos de eu não compreender – veja bem, eu disse COMPREENDER – o que falam. Consigo ouvir os sons dos filmes, mas não consigo entender o que falam. Nada mais natural pra quem é surdo.

Mas convenhamos… Tanta tecnologia disponível e os responsáveis não “copiam e colam” as falas dos personagens dentro dos arquivos de vídeo dos filmes.

Infelizmente não me dão o direito de assistir e prestigiar os filmes produzidos no meu próprio país. Enquanto isso, continuo batendo palmas para as produções estrangeiras.