Hoje pela manhã fui buscar meu cartão de usuário do sistema de transporte público de Porto Alegre na loja da ATP (Associação dos Transportadores de Passageiros – POA), no Centro da cidade.
Eu já tinha ido na semana passada, por volta de 14h, mas a fila estava gigante e eu não tinha tempo disponível. No balcão de atendimento me informaram que o melhor horário era entre 9 e 11h da manhã. Cheguei lá às 9:30h. Fila estupidamente longa, resolvi encarar, até que me dei conta de um guichê preferencial com uma placa dizendo:
Preferencial para gestantes, idosos e portadores de necessidades especiais.
Chamei um segurança/fiscal e perguntei a ele o que significava “portador de necessidade especial” escrito na placa. Ele me respondeu prontamente, sem pestanejar:
“São os portadores de quaisquer tipo de deficiência, seja física, visual, auditiva ou mental.”
Nunca, em toda minha vida de deficiente auditivo (ou surdo oralizado, chame como quiser), eu usei guichês especiais. Acho que, por força de vontade, persistência, nunca me considerei deficiente. Fiquei pensando por alguns minutos e refletindo sobre isso… Logo cheguei a uma breve conclusão:
Eu não pedi pra ter essa deficiência; ninguém me consultou e perguntou se eu queria perder a audição. Não tenho culpa nenhuma por adquirir esta deficiência. Por outro lado, eu trabalho, estudo, pago minhas contas e dou bastante dinheiro para o governo, sob forma de impostos. Por esta razão, vou usufruir de um direito meu, garantido por lei.
O breve diálogo prosseguiu:
Eu: “Sou deficiente auditivo e uso aparelho. Eu me encaixo no conceito?”
Ele: “Naturalmente, senhor.”
E entrei na fila preferencial.